Skate Or Die
Preste bem atenção nessa foto. Ela é a prova irrefutável para os quânticos de plantão que o tempo passa. Ela tem mais de 25 anos. Sou eu. Acho que é minha melhor foto de skate de minha carreira. Tenho fotos muito mais espetaculares manobristicamente falando, mas essa aí... Deixa eu explicar: eu tinha uns temíveis 13/14 anos. Essa rampa aí ficava no alto da Afonso Pena, tinha essa borda quebrada pela nossa ignorância agressiva. O que eu faço aí é uma monobra que não se faz mais, uma arte que se perdeu. Se chamava bert-revert, um frontside grind em que eu apoiava a mão no chão na hora de descer, e voltava de fakie, tudo naquele estilo old-school derivado do surf que o skate tinha nessa época. Entenderam? Não importa, o que eu quero dizer é que meu capacete fedia a suor, as luvas eram de lixeiro, as rodas eram wave-park, e o shape eu mesmo fiz, usando um pedaço de madeirite roubado de uma construção. Eu me lembro exatamente da sensação de pedalar no asfalto pra pegar impulso pra subir nessa rampa, do barulho que fazia, do sol, e da inoperância dessas joelheiras toscas. Aí eu tava começando a ouvir SOM. Tinha os cabelos pelas costas (riam, macacos!) e comecei a ter umas aulinhas de violão, e a tocar com o Mário (baixista do Sexo Explícito).
É claro que skate hoje é uma outra coisa, mas tirando a bobajada de "atitude" que os mais trolhas incorporam ao andarem em bando uniformizados, ainda é uma das coisas mais legais que você pode fazer com seus pés. E mãos.
Esse foi meu "era uma vez..."