O Trem Infinito
O moleque sempre morou lá.
Um dia veio o pessoal que mediu, depois o que serrou, o que martelou e o que assentou as coisas no lugar. Em pouco tempo a linha de trem se esticava logo atrás do mandiocal. Mas o trem mesmo ainda demorou um pouco.
Era madrugada quando ele acordou com aquele barulho. O trem estava passando. Vinha carregado de minério de ferro. Eram centenas de vagões cor de ferrugem que pareciam que nunca tinham sido novos.
O term passava vagarosamente mas quando chegou à janela já não dava pra ver a locomotiva que puxava aqueles vagões, tampouco era possível enxergar seu fim. Era como se fosse um trem infinito, sem começo, nem final.
Mas o que aconteceu foi que o trem nunca parou de passar. O trem infinito sempre estava lá. Podia vê-lo da janela o tempo todo, e não se podia mais passar pro outro lado do mandiocal.
Às vezes o moleque ia até a beira dos trilhos e voltava todo cor de ferrugem, como os vagões. Ele ia até lá só pra sentir o poder daquela máquina incrível. Um trem que passava eternamente, infinitos vagões cheios de minério.
À noite, continuava a ouvi-lo. Era o som da terra sendo esvaziada.
© John Ulhoa
Um dia veio o pessoal que mediu, depois o que serrou, o que martelou e o que assentou as coisas no lugar. Em pouco tempo a linha de trem se esticava logo atrás do mandiocal. Mas o trem mesmo ainda demorou um pouco.
Era madrugada quando ele acordou com aquele barulho. O trem estava passando. Vinha carregado de minério de ferro. Eram centenas de vagões cor de ferrugem que pareciam que nunca tinham sido novos.
O term passava vagarosamente mas quando chegou à janela já não dava pra ver a locomotiva que puxava aqueles vagões, tampouco era possível enxergar seu fim. Era como se fosse um trem infinito, sem começo, nem final.
Mas o que aconteceu foi que o trem nunca parou de passar. O trem infinito sempre estava lá. Podia vê-lo da janela o tempo todo, e não se podia mais passar pro outro lado do mandiocal.
Às vezes o moleque ia até a beira dos trilhos e voltava todo cor de ferrugem, como os vagões. Ele ia até lá só pra sentir o poder daquela máquina incrível. Um trem que passava eternamente, infinitos vagões cheios de minério.
À noite, continuava a ouvi-lo. Era o som da terra sendo esvaziada.
© John Ulhoa
9 Comments:
ô trem bão!
Adorei,ficou bonito mesmo, eu salvei aqui, vou colecionando, aí eu faço um livro depois de juntar bastante.
...e sobre o comentário de Doolitlte, eu vi uma entrevista sua onde você explicava a letra de "Água" dizendo que a expressão "trem" dos mineiros representava "A coisa"(o vizinho aí de vocês...). Como é que se explica "Oh trem BÃO"? Õ.ó
john,
deixei um daqueles questionários pra você no meu blog. se quiser responder... será bacana.
um abraço
Eh isso aih man,you can dig it...
Uma vez tive uma experiencia assim.
Foi um "visual" que eu tive depois de ter comido cogumelo...
Comigo foi uma arvore que esticava ate o ceu.
Keep the dream alive brother!
Kras,
por isso q curto o PF desde mto tempo q nem sei mais quanto...
Acho q foi desde q vi um show em SC, "Cade o batera?", pguntei pros amigos q tavem junto. "Nao tem", diz o outro, rs... mto loko.
6 CDs autografados, faltam uns ainda. Ainda da tempo, antes q o mundo fique pronto. Ou queime.
Parabens pela qualidade, pela sonoridade, pela criatividade, pela simplicidade inversamente complexa.
Acessa ai o site da minha band:
www.drwatts.com.br
Abracos galera Fu!
Jota - PatoManiacs (Irati-PR)
Essa pala é falta de mar, isso sim.
e deu a sensação de que ele estava sendo deixado pra trás.
Nossa, que coisa mais John Garcia Marques.
Mui belo.
Fantástica a crônica!! Cá entre nós, o John bem que merecia pertencer aos imortais da Academia Brasileira de Letras... Isto é, se o Jô Soares permitir.
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